Contido

Idéias
 
Universidade e Sociedade
por Sônia Moura em 04-06-2006 15:55
http://contido.com.br/?aid=80
 
A universidade deve ser livre e crítica, portanto cabe a ela ir à sociedade, romper barreiras. Talvez falte conscientização, desejo ou motivação. E por que não acreditar na força da universidade?
 
Entendemos que as questões apresentadas para a discussão sobre: UNIVERSIDADE E SOCIEDADE prendem-se, primordialmente, à história da universidade no mundo e no Brasil, sua criação, formação, evolução e em  sua dependência e submissão, por exemplo, durante muito tempo, a universidade esteve totalmente acorrentada ao estado e à igreja que, por vezes, cercearam sua criação, seu desenvolvimento e seu aprimoramento, dificultando que vínculos entre sociedade e universidade fossem traçados.
 
Este engendramento de cunho político-social-religioso está ligado às questões do saber enquanto forma de poder, assim, diante do altar sagrado da universidade, tínhamos (ou temos?) as entidades e os segregadores  que afastavam a sociedade das dependências do palco sacrrossanto, onde ficava enclausurada a chama da sabedoria, a qual somente alguns escolhidos [elite] tinham acesso.
 
Ao atribuir-se à escola, particularmente à universidade, o papel de fonte onde nascem soluções advindas de pesquisas, análises críticas e o papel de transmissora de conhecimentos e saberes,  a universidade é tida  como instituição fundamental para o desenvolvimento social e científico dos povos, pois o caráter desta instituição deverá ser sempre coletiva, social, pois uma das atribuições da escola, em qualquer nível é o de socializar e humanizar conhecimentos e relações.
 
Historicamente, ao pensarmos o período corresponde de 1920 a 1946, vamos rever o movimento artístico denominado Modernismo, passamos por dois períodos ditariais, recheados por uma guerra mundial. Num brevíssimo relato, vamos tentar situar a universidade neste período.
 
Nasce na Europa o movimento vanguardista que visava antecipar o futuro e pregava a liberdade, a ação e o antipassadismo cultural, movimento artístico denominado consagrado no Brasil pela semana de 1922. Lauro de Oliveira Lima, ao analisar palavras de Mc Luhan sobre educação, nos diz: "...à universidade caberá, provavelmente, o papel crítico criativo de projetar o futuro." Associamos a idéia futurista dos modernistas a  um dos  papéis  da universidade: a idéia de também estar associada ao futuro, ao olhar voltado para frente. Desta forma,  inaugura-se também um movimento que fomenta o desejo de emancipação e independência nas artes, e este desejo se estenderá pelas  instituições culturais, com a idéia de que se devia vincular mais autonomia aos fazeres e saberes,  populares e/ou acadêmicos.
 
Com o advento deste movimento, passa-se a observar que a separação entre a cultura popular e os ensinamentos acadêmicos, isto é, a separação: universidade - sociedade - povo não era boa para ninguém. Como mostra o texto estudado, o elitismo segregador, ainda mostrava resistência, mas já foi um bom começo.
 
Entre o riso e o choro, o Estado Novo incentivava o desenvolvimento cultural ao mesmo tempo que reprimia qualquer um que não rezasse por sua cartilha, tínhamos neste período uma intelectualidade dividida e reprimida. Na Era Vargas, a cumplicidade entre os intelectuais modernistas e o Estado Novo é um fato, pois inúmeros foram os intelectuais que contribuíram com seu trabalho para construir a imagem de Vargas e disseminar a ideologia do Estado Novo. Além de interesses particulares,  ideologias e desejos, também, é possível explicar o engajamento dos intelectuais modernistas no projeto político do Estado novo pela coincidência de propostas no tocante à valorização do nacional e do regional, tanto por parte do ideário estado-novista quanto por parte da vanguarda modernista.
 
Nestes tempos, em que tudo parecia estar sendo atualizado, a universidade (como o todo social brasileiro) não podia "atualizar-se" integralmente pois vivia sob a tutela de um  governo autoritarista. Assim, entre perdas e ganhos, a universidade continuou buscando aproximar- se da sociedade e do povo, tentando romper a rede de segregação, exclusão social, uma vez que em seu alicerce o  traço -de - união entre a academia e a sociedade está, ideologicamente ( ou idealmente?), acimentado.
 
Chega-se a 1964. Cassadas as vozes, "caçados" os professores, intelectuais, ficamos  sem palavras ou tínhamos apenas palavras contidas, a universidade agoniza em sua produção e inserção social. Mais uma vez, que não rezasse por determinada cartilha, era jogado às feras. 
 
O tempo segue e a universidade vai tentando equilibrar-se,  pois muitas são as funções sociais desta,  uma das principais diz respeito à manutenção dos valores humanos,  de servir como instrumento básico para o desenvolvimento social e como forma de o homem e a própria instituição projetarem-se, marcarem seu espaço, apoiando-se no seguinte  tripé:  cidadania - soberania e congraçamento.
 
Na sociedade moderna,  a universidade é uma instituição indispensável à formação de um povo, portanto, muitos são os desafios  a serem enfrentados por ela. Entre as experiências do passado e os desafios do presente, a universidade lança seu olhar para o futuro, para tal é necessário que esta se envolva em projetos sociais e que invista e fortaleça sua produção científica e tecnológica, pois só assim, enfrentando os desafios é que a universidade poderá refazer-se e perpetuar-se.
 
A Universidade precisa alargar fronteiras, necessita urgentemente  inserir-se na sociedade e inserir- se   no mundo, trocar idéias, enriquecer-se, precisa ver-se além no tempo e no espaço, ver o país e o mundo à frente, nas questões sociais. A universidade precisa "pensar global  e agir local" e vice-versa, pois, a valorização das  questões socio-político-educacionais permitirá ao país:  progresso, desenvolvimento, unidade sócio - cultural e, só assim, conseguiremos manter vivos saberes, experiências, experimentos e a difusão da cultura.
 
A produção e socialização do conhecimento deve começar pela distribuição do saber, da difusão da cultura, da socialização dos saberes e das representações  culturais, já que  saber precisa ser espalhado e não "empalhado", é preciso libertar o saber da torre de marfim, senão todo o seu valor será/estará perdido.
 
Outro ponto importante para  a produção de saberes e para sua socialização: é preciso que se respeite todas as forma de saberes, o que não pode é alijar-se o conhecimento empírico, paradigmático do conhecimento científico, pragmático, senão sociedade e universidade estarão sempre apartadas ao invés de estarem associadas.
 
No que se refere ao espaço de produção de conhecimento, a universidade deve ser  livre e crítica, portanto cabe a ela ir à sociedade, romper barreiras; as armas ela tem ou pode conquistar:  mão de obra muito bem qualificada, aparelhamento e força política. Talvez falte conscientização, desejo, motivação. E por que não acreditar na força da universidade?
 
Se a escola, (referimo-nos aqui, particularmente,  à  universidade) é o lugar onde as trocas devem acontecer no processo ensino- aprendizagem, assim sendo, há alguém que sabe e aprende e há  outro que aprende e ensina. Na referência - Algumas Questões -  existe uma pergunta sobre a s questões nebulosas que são impostas à universidade, destacamos o que consideramos o cerne da questão: "... não poderá se descartar de posições ideológicas...?" Poderemos responder à questão apresentada,  por meio desta pergunta: : Mas, será que não pode ajustá-las, flexioná- las ou flexionar-se para atingir a meta de aproximar-se da sociedade?, lembremo-nos de que na universidade, existe alguém que sabe.
 
A mudança em relação à fragilidade dos cursos está ligada a mudanças de base, é preciso mudar o sistema educacional brasileiro, precisa-se entender a LDB e respeitá-la e lutar para modificar o que for necessário. A questão aqui é remexer toda a base, reconstruir, aproveitando o que tivermos de melhor, e temos o nosso melhor.
 
No quesito que trata de   Outras questões, está, a nosso ver, o ponto mais complexo deste estudo, pois, se tantos ainda continuam segregados, se a sociedade  [e mesmo alguns  alunos]  não sabem o que é uma universidade, como funciona, para que funciona, se os professores são, socialmente e economicamente segregados, como queremos alçar vôos?
 
Acreditamos que precisaríamos mudar politicamente e academicamente, pois a conciliação dos pontos destacados só acontecerá quando o mundo acadêmico lançar-se ao mundo, assim, a  universidade no mundo atual há que fazer o seu "marketing "pessoal", precisa mostrar-se à sociedade, travar com ela diálogos, trocas.
 
A fim de quebrarmos o  isolamento desta instituição social, precisamos destruir barreiras sócio-político-culturais, criar fendas no dique, para que a água escoe e se espalhe pela sociedade, espalhando conhecimentos, permitindo participações.
 
Para  mudar a rota traçada por um nicho social e  historicamente constituído [ e construído],  é peciso descentralizar poderes e reformar saberes, para que se possa definir prioridades, tomar as rédeas da divulgação e distribuição do bem mais precioso de uma nação que o conhecimento, facilitador do  progresso e permissor da  harmonização. A universidade precisa  "levar um empurrão" bem forte, para que possa não só fazer a história, mas ter papel preponderante em seu curso. Mais uma vez... a História.
 

Comentários:

Solano comentou em 2008-07-05 00:46:51
Sinceramente, qual o objetivo do autor do texto?
Não há dados. Não há nomes (cargos ou instituições). Parece uma verborragia entre nada e coisa-alguma.
Se queria falar do Brail, por que não citou nenhuma universidade específica? Ondê está o conhecimento factual?
Sem fatos, não há crítica.
Não há informação suficiente pra causar qualquer efeito positivo ou mudança de postura/comportamento frente à questão.
Palavras demais pra se dizer coisa de menos.
Para quem interessar possa: veja uma entrevista dentro deste assunto: (entrevista com Simon Schwartzman na revista Veja de 7 maio de 2008).
Não é grande coisa mas jah é melhor do que escrever com nada de informação.
 
Alex Nautilus comentou em 2008-07-06 01:43:46
Creio que o caro leitor Solano nunca havia se deparado com um ensaio.
Ensaio: (do Ing. essay) escrito que, sem chegar à extensão de um tratado ou monografia, aborda uma matéria (de carácter científico, filosófico, histórico, ou literário) sem o esgotar e sem o aprofundar demasiado.
 

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