Por já ter lido os livros há mais de 10 anos atrás, assisti os dois primeiros filmes da trilogia O Senhor dos Anéis sem ansiedade nem expectativa, pois nada poderia ser melhor do que as imagens criadas nas palavras do autor J.R.R. Tolkien. O universo criado por Tolkien aborda aventuras fantásticas e trata sobre poder, cobiça, amor e amizade, em batalhas épicas e com personagens marcantes e inesquecíveis. A edição portuguesa da obra, publicada pela Editora Europa America, tem uma tradução mais fiel aos originais do que a edição brasileira da editora Martins Fontes onde acontecem barbarismos como Rivendell ser traduzido para Valfenda, ou Bilbo Baggins se tornar Bilbo Bolseiro. Os filmes do diretor Peter Jackson são ótimos como cinema, sem deixar de lado um cuidado extremo com a obra original. Se o primeiro filme foi uma surpresa para muitos (conhecedores ou não da obra de Tolkien), o segundo filme também não decepciona. "As Duas Torres" começa com uma breve continuação relativa ao final do primeiro filme, com o mago Gandalf enfrentando uma criatura das profundezas, um Balrog. No grupo dos heróis guerreiros, Legolas, Gimli e Aragorn seguem sua jornada tentando resgatar os hobbits das garras dos soldados orcs, enquanto Sam e Frodo seguem com seu pesado fardo, o Anel Um. O filme tem algumas cenas memoráveis, mas realmente não tem a profundidade da obra. Claro que cinema é uma coisa e literatura é outra, mas o que falta é a sensação correta do tempo decorrido. Nos filmes de Jackson tudo parece muito rápido, e seqüências que no livro duram semanas, no filme parecem ter se passado em meras horas, assim como grandes distâncias de dezenas de quilômetros parecem curtas demais. Seguindo as fórmulas de Hollywood, onde todo filme para ser popular precisa de um coadjuvante cômico, nesse caso o anão Gimli "pagou o pato", sendo o motivo de situações de humor além da conta, mas algumas realmente bem hilárias. O personagem Gollum é o que mais chama atenção no filme. Ele um dia já foi um hobbit, mas de tão corrompido pelo poder do Anel se torna uma criatura asquerosa e traiçoeira, e no filme aparece viva num belo trabalho de animação digital, deixando claro que o futuro dos efeitos visuais é cheio de possibilidades inovadoras para a realização de cenas incrivelmente foto-realísticas. A expressão facial no rosto do Gollum lembra um pouco o ator William Dafoe (que não tem nenhuma participação no filme, fora se parecer com o Gollum...), e é realmente um show à parte. O ator Andy Serkis, que fez os movimentos e a voz do Gollum, pode até mesmo vir a ser indicado para prêmios de atuação, levando-se em conta que o Gollum gerado no computador seria algo como uma "maquiagem digital". É complicado, pois seguindo essa lógica o trabalho de computação gráfica poderia concorrer a "melhor maquiagem". Quem não leu o livro irá gostar do filme, com suas lindas cenas de batalha, amores perdidos e amostras de verdadeira coragem e amizade. Quem já leu o livro tem a oportunidade de ver na tela uma ótima e fiel interpretação da obra de Tolkien. Detalhes de cinematografia (fonte: American Cinematographer) Formato: Super 35mm 2.35:1 Câmeras: Arriflex, Moviecam e Mitchell Lentes: Zeiss e Angenieux Filmes: Kodak EXR 50D 5245, Vision 200T 5293, Vision 500T 5279, SO 214 Processamento digital: Digitalização e gravação: Weta Digital Tratamento: The PostHouse AG Saída: filme Fuji 3513D |