Muitos de nós já viram esse filme: o dinheiro do 13o demorou a entrar, ou faltou tempo, ou então apareceram umas visitas de última hora (geralmente são parentes ou amigos de outro estado) e fica feio não presenteá-los. Ou você resolveu engordar a mesa da ceia com as frutas secas típicas de Natal, mas achou um abuso os preços praticados no seu bairro. O que fazer?
Bem, existe uma saída econômica, mas as pessoas em geral tremem, suam frio, têm pesadelos só de pensar: ir à Saara. Para quem não sabe, SAARA é sinônimo de Sociedade dos Amigos e Adjacências da Rua da Alfândega, uma região tradicionalíssima de compras no centro do Rio e preferida por 10 entre 10 designers, criativos e afins para enriquecer sua mesa, seu guarda-roupas, sua decoração e presentear sem pesar muito no bolso.
Mas se é um lugar tão legal, porque esses connoisseurs passam mal só de pensar? Simples: durante todo o ano, comprar na Saara já exige uma grande disposição, energia e resistência física. São poucos quarteirões, mas concentram 600 lojas que vendem de tudo; por conta disso, digamos que a "densidade demográfica" é mais alta lá. Traduzindo: é necessário também levar seu driblômetro modelo profissional, pois você certamente precisará se desviar de multidões vindo em sua direção. E essa "densidade demográfica" quintuplica nos dois ou três dias antes do Natal (ainda mais se for um sábado)...
Então, o que fazer? Ir à Saara ou ficar de mãos vazias? Voltar com as mãos cheias de presentes, mas com dores nos pés e um mau-humor horrendo que precisa de pelo menos três dias longe dos outros seres humanos para se dissipar?
Não! É possível ir à Saara, sobreviver às multidões e retornar sorrindo! E não, esse não é um artigo de auto-ajuda. É apenas uma mensagem de bom senso que, no auge do estresse em meio à multidão enlouquecida pela necessidade de consumo, de ir às compras e aproveitar promoções, a gente por vezes esquece completamente.
A receita não é segredo nenhum, e bem simples:
Seja precavido
- De preferência, acorde bem cedo! As lojas da Saara geralmente começam a abrir a partir das 8:30 da manhã, chegue lá a essa hora, antes da maioria das pessoas, que chegam lá pelas 10:30.
- use roupas frescas e sapatos confortáveis. A Saara não é lugar para desfile de modas, é um teste de sobrevivência! Você terá tempo de sobra para produções elaboradas depois. E seus pés chegarão inteiros em casa...
- Tenha em mente o que quer comprar.
Esse não é o momento de "ver vitrines". Faça uma lista, e mantenha-se focalizado nessa lista, sem desvios. A intenção é fazer um ataque rápido e fulminante às lojas, e sair antes que a massa tresloucada chegue em seu encalço.
- Seja gentil com os vendedores da Saara
, eles geralmente são pessoas simpáticas que irão atendê-lo com maior solicitude, ainda mais em meio a tantos maus-tratos pelas hostes de compradores estressados, apressados e mal-educados. Sério, eles se desdobram mesmo! Experimente e você verá.
- Leve apenas o dinheiro suficiente para sua lista, nada de cheques ou cartões.
Comprar na Saara é sempre muito tentador, e mesmo que você esteja em uma loja comprando exatamente os itens de sua lista, ter flexibilidade de pagamento pode tentá-lo a levar algo mais, e quando você olhar para o relógio, já são 11 horas: as multidões chegaram!!!
Mas se houver um imprevisto...
Se mesmo com os conselhos acima, houver um imprevisto: você ficou morrendo de fome e parou naquela lanchonete árabe para comer uma esfiha sensacional, ou o sol estava muito forte e você se demorou mais um pouco naquela lojinha com ventilador (lá não tem ar condicionado!) para se refrescar, não se desespere: vem aí o conselho para resolver todos os seus problemas: você, que é uma pessoa inteligente, bem resolvida, com a cabeça cheia de assuntos e idéias legais para um bom papo entre amigos, pense na seguinte idéia: se tudo parece horrível, dê uma boa gargalhada e tente achar alguma graça na situação – é sério!
Por exemplo, digamos que você fez tudo direitinho, mas foi pego de surpresa e há uma multidão do lado de fora da loja, a tal ponto que a rua de pedestres virou uma espécie de rio em duas mãos: tem um fluxo de pessoas indo para uma direção e um fluxo de pessoas indo na direção contrária. Bem, respire fundo, escolha sua direção e siga o fluxo! E pense que você está em um filme do Monty Python, ou do Woody Allen, ou uma das inúmeras comédias de situação que existem por aí... porque isso é realmente uma cena de comédia! E se você está dentro de uma cena de comédia, nada mais natural do que uma boa risada – e nada mais saudável também, seu coração agradece.
É tudo uma questão de estar consciente: lembre-se que foi você mesmo quem escolheu ir à Saara nesse dia, sabendo que estaria incrivelmente cheio de gente, e ninguém forçou você a ir: a escolha foi sua. Então, como pessoa consciente, assuma sua escolha e aceite a situação sem estresse, na base do "toném" (não tô nem aí), que rapidinho você sai dessa situação e já chegou na porta do metrô... Metrô? Ah, que bom, um ar condicionado para refrescar! E com um largo sorriso, você se dá conta que sobreviveu às multidões, ganhou experiência, e que ano que vem poderá estar dando este mesmo conselho a um amigo marinheiro de primeira viagem...
Boas Festas e muita alegria a todos!