Contido

Bon Vivant
 
Na lenda do revólver dourado
por Alex Moura em 31-03-2011 23:45
atualizado em 01-04-2019 15:51
http://contido.com.br/?aid=191
 
Chegar aos 41 anos nem é tão ruim assim...
 

Quando eu era criança, um dia eu estava conversando com outros coleguinhas e junto com o tio de um deles. No dia anterior havia passado na Sessão da Tarde o filme "A Lenda do Revólver Dourado", onde um pistoleiro cego ensinava habilidades secretas para o herói da história, e além do mais eu tinha um lindo revólver dourado com espoletas! Eu me impressionei com o mestre cego que dizia que "ser cego tem suas vantagens", se referindo a ter os outros sentidos muito mais aguçados do que alguém que tem a visão perfeita. Repeti a frase para o tio do coleguinha, e ele me cortou enfaticamente, dizendo que isso era uma bobagem, porque o cego "tem a pior desvantagem e vai sempre depender de alguém". Aquela resposta me chocou, e nunca consegui concordar com ela.

Passados mais de 30 anos daquela conversa, hoje penso que ambos estávamos um pouco certos e errados. O livro "Ensaio sobre a cegueira" mostra num conto sombrio os vários tipos de cegueira, não só a visual, e hoje entendo que o "cego inválido" é qualquer um que não queira "ver" o que está diante de si, mesmo que essa cegueira o tenha fortalecido. Como um valente catador de papel, que carrega toneladas de peso por dia porque não enxerga que poderia ganhar o mesmo dinheiro de maneira também honesta mas com menos esforço.Ou o empresário rico e famoso que não enxerga que não compartilhar sua riqueza um dia poderá ser sua ruína.

Chego aos 41 anos "tateando" no escuro em várias áreas da minha vida, mesmo que em outras eu esteja "enxergando" claramente. 

Quis ter filhos aos 21 anos, mas não foi assim que aconteceu. Hoje meus nenéns seriam adultos com quase 20 anos, e talvez eu não estivesse tão fatigado. Como será daqui a 10 anos? Meu querido filho que agora tem 2 anos terá então 10 anos, e eu 50! Será que vou aguentar o pique? O que sei é que não posso mudar o que já passou, só aproveitar cada momento do que ainda virá.

Quem poderia imaginar que eu gostaria de um emprego fixo? Nem eu mesmo! Mas o fato é que amo o que faço na empresa onde trabalho, e é uma surpresa para mim ir trabalhar em escritório (na verdade um loft com vista panorâmica da Baía da Guanabara) e me sentir tão jovem e cheio de iniciativa.

Parabéns para mim, pelos meus 41 anos, e que venham os anos seguintes! Estarei pronto para eles: ainda tenho o meu revólver dourado.

Comentários:

sonia comentou em 2011-04-03 16:33:48
Este texto sincero e comovente nos confirma que viver é estar em um constante aprendizado, pois as descobertas que fazemos nos conduzem a perceber que a graça da vida e a vitória de viver está justamente neste se refazer sempre.
Realmente, Alex, como diz o velho ditado: “O pior cego é aquele que não quer ver”, ou seja, não aquele que não vê, porque este tem todas as chances do mundo de, de um jeito ou de outro, um dia vir a enxergar o que realmente não está visível por um período de tempo ou está visível, mas por teimosia ou convicção do momento nos recusamos a aceitar.
Pobre cego é o que permanece eternamente na escuridão de sua própria teimosia.
Parabéns por seu caráter e por sua coragem.
 

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